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Agora tudo correrá sobre rodas

por Frederico V Gama, em 02.07.13

O título mais português de hoje, na imprensa, vai para o jornal I: “Gaspar. O adeus de um ministro em ‘desvio colossal’ com o país”. Não li o texto, porque começa por estas duas sentenças: “Mal visto no país, malquisto no governo”. Eu aprecio bastante jornalistas e, de entre todos, tenho uma admiração ímpar por jornalistas que dão lições de moral e interpretam a vontade do povo. O povo malquistava Gaspar, tal como o governo. O povo, porque queria comprar viagens às Caraíbas em prestações, o governo porque queria fazer apostas destrambelhadas no crescimento, talvez mesmo auto-estradas e obras públicas que dessem emprego e fundos perdidos a empresas amigas que depois ajudam nas campanhas eleitorais e na imprensa de que são accionistas. Os meus companheiros de blogue até podem ter uma fé infinita no povo, mas um povo que aclama Arménio Carlos, que lê os artigos do Sr. Dr. Mário Soares, que pasma em estado de pré-orgasmo diante do Sr. Eng.º Técnico Pinto de Sousa e dá vivas ao Dr. António José Seguro não é um povo de confiança e, portanto, entendo que devemos demiti-lo e, em conformidade — e última necessidade — eleger outro. Dado não estarem reunidas as condições para eleger outro povo, porque no fundo até pode dar-se o caso de gostarmos deste, sugiro que de quinze em quinze dias se façam eleições para nomear ou confirmar governos que sejam do agrado do povo. O ministro Gaspar estava em desvio colossal com o país e portanto devia ser liminarmente afastado e ser substituído pelo Sr. Dr. Carlos Zorrinho, doutorado em Gestão da Informação, que entrará em delicodoce comunhão com o país, oferecendo espremedores de citrinos e telemóveis de última geração aos contribuintes e ao mesmo tempo zurzindo os hemiciclos com as suas piadas (de que só os alentejanos se riem, eu sei). Precisamos urgentemente de um ministro das finanças que não esteja em desvio colossal com o país, como aquele antigo secretário de estado do PS de que não sei o nome, mas pisca os olhos e é relativamente belfo. O ministro Gaspar era mal visto no país e malquisto no governo? Pois que o substituíssem. Agora tudo correrá sobre rodas. Aliás, corrijo: agora tudo vai correr sobre rodas, foda-se.

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publicado às 11:55


Moralidade e assim

por Frederico V Gama, em 19.05.13

O gestor público Teófilo Braga deslocando-se para o Palácio de Belém no eléctrico 15.


 

Afastado dos segredos da vida empresarial, sigo pelos jornais os intermináveis sucessos dos nossos magos da gestão pública e de empresas públicas, que são o que são e cuja lista mereceria da parte do Rui Passos Rocha e do Tiago Moreira Ramalho o acompanhamento a um barbeiro que usasse a navalha de Ockham. A ideia de que o ministro da Economia está a elaborar um despacho para cortar nos carros e motoristas dos gestores públicos e nos gestores de empresas públicas está a recolher apoio de várias camadas da nossa população e mesmo de colunistas insuspeitos de perceberem de economia. Eu concordo, por uma questão de princípio. Vivo a quilómetro e meio do meu posto de trabalho e o percurso é agradável, sobretudo na Primavera (até nesta Primavera): passo pelo sr. Augusto dos jornais, pelo fornecedor de bica em chávena fria, e por um ajuntamento de plátanos e choupos a que estranhamente a minha estimada autarquia chama jardim. Em pouco mais de vinte minutos perfaço esse caminho até me sentar à secretária e ligar o computador para saber o que António José Seguro disse nos dois dias anteriores. Não preciso de motorista nem, notem bem, do carro com que ele podia, por hipótese, apresentar-se à porta de minha casa. Mas eu não sou gestor público nem gestor de empresas públicas. E acho que um gestor público ou gestor de empresas públicas podia perfeitamente viver sem carro ou motorista. O presidente Teófilo Braga ia de eléctrico para Belém, de forma bastante proletária, tendo ocupado o cargo entre 29 de Maio e 4 de Agosto de 1915. Não tinha direito a telemóvel, a computador portátil ou a cartão de débito para despesas de representação e consta que passajava as suas peúgas no intervalo das audiências. É a esta moralidade que temos de regressar com urgência: gestores públicos e gestores de empresas públicas com sumptuosos e austeros bigodes, transportando a sua marmita com arroz de tomate e pastéis de bacalhau e uma maçã riscadinha de Palmela para sobremesa complementada de café de cevada. Em simultâneo, o governo devia fornecer-lhes acesso à internet apenas em determinados horários, e um plafond aceitável para corridas de táxi (a justificar com três impressos conformes ao regime de austeridade). Da mesma forma, os senhores secretários de Estado teriam subsídio de transporte para as companhias de ónibus ou metro de Lisboa, e comparticipação na compra de atacadores dos seus botins. Com esta medida iria moralizar-se a vida pública e o Estado poderia, com vantagem, contratar ministros, gestores públicos e gestores de empresas públicas ambiciosos e orgulhosos das suas condições laborais. Quem não quer trabalhar num clima desta moralidade? Estou na primeira linha.

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publicado às 00:56


Querias

por Frederico V Gama, em 19.05.13

Imagem do veículo em que o doutor Jorge Moreira 

da Silva chegou a Lisboa.

 

É com prazer (estranho e exótico, mas algum) que anunciamos que o doutor Jorge Moreira da Silva acaba de aterrar no aeroporto de Lisboa vindo de Marte: “Estamos todos responsabilizados quanto à necessidade de encontrar propostas alternativas na eventualidade de discordarmos delas.”

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publicado às 00:50


Subsídio de refeição

por Frederico V Gama, em 05.05.13

A RTP pediu aos jornalistas que foram fazer a cobertura do congresso do PS para devolverem o subsídio de refeição desse fim de semana, porque o PS tinha providenciado catering. Moralmente sublime e quase indiscutível. De igual forma, a contabilidade da RTP deve reter o subsídio de refeição pago a Luís Marinho, Alberto da Ponte e Cunha Vaz, por exemplo, no dia em que foram almoçar com Miguel Relvas para lhe anunciar que José Sócrates era a nova aquisição da RTP, porque parece que quem pagou a conta foi Miguel Relvas. Passos Coelho, quando descobriu, mandou-o apresentar a demissão.

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publicado às 18:08


Do que tu precisas é de um bailout, dois

por Frederico V Gama, em 02.05.13

Gosto muito. Por exemplo, quando Vale Azevedo era presidente do Benfica e ia levar o Glorioso, et pluribus unum, até ao zénite, lembro-me de um repórter da TSF lhe perguntar à saída do estádio, et pluribus unum: "O senhor doutor acha que a arbitragem está a prejudicar o Benfica, e que isso pode ter influência no campeonato de forma decisiva, e que isto é tudo uma ladroagem pegada?" O futuro Jonathan Valley semicerrou um dos olhos, reflectiu um segundo e respondeu: "Acho." Gritaria da TSF daí a minutos: "Jonathan Valley acha que a arbitragem está a prejudicar o Benfica, e que isso pode ter influência no campeonato de forma decisiva, e que isto é tudo uma ladroagem pegada, abram alas." 

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publicado às 23:51


Do que tu precisas é de um bailout

por Frederico V Gama, em 02.05.13

Que a Antena 1 envie a Havana uma pobre alma fazer a reportagem sobre o 1.º de Maio em Cuba, é uma coisa que deve estar no caderno de encargos da empresa pública que o Mr. da Ponte definiu como pop smart, porque a pátria de Fidel é, tirando Varadero, a democracia em estado puro, uma espécie de ex-RDA com salsa e rumba. Que o governo e as instituições e as figuras de cera, a oposição e a Antral, por exemplo, não tenham caído no instante em que Mr. da Ponte definiu a RTP como pop smart, só isso já é uma coisa que me escapa, mas deve ter a ver com complicações hormonais do próprio país. Que não tenham enviado ninguém, com o José Luís Peixoto, a Pyongyang ou a Pequim, ou a Venciana, ou a Caracas, também me passou em branco, e acho uma injustiça porque onde são garantidos os direitos dos trabalhadores deve estar um repórter da Antena 1. Onde há um direito do trabalhador está alguém da nossa rádio pública, que é como deve ser, ou então pode ir alguém da Antena 3, que também é pop smart e os Linda Martini ficam bem em qualquer lugar onde se admitem vozes desafinadas. Mas o que me obrigou a suster a respiração foi a Ana Lourenço, na SIC Notícias, a sugerir ao Senhor Doutor Bagão Félix, que tinha acabado de anunciar, em simultâneo, o apocalipse, um strip-tease de Christine Lagarde e uma campanha de preços do Pingo Doce, com aquela cara de quem anuncia, em simultâneo, o apocalipse, a morte do major Alvega e a merda em que isto está: "Com este ministro das finanças não vamos lá..." Reparem bem no que eu disse: a sugerir. Porque não foi uma pergunta (do género: "Doutor Bagão, que quido, e acha que o Gaspar é homem para estas farras?", onde o ponto de interrogação significa que se fez uma pergunta). Não. Foi assim: "Com este ministro das finanças não vamos lá..." (onde as reticências significam "Bagão, vá, follow me..."). Melhor do que isto só os repórteres que, na TVI24, acompanharam em directo e com Vicodin o desfile do 1.º de Maio. Queriam rumbas, estes, queriam...

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publicado às 23:24


acontecimentos sociais

por Frederico V Gama, em 24.04.13

Desde que o Cavaco decidiu ir para o Facebook que eu percebi que a coisa ia dar nisto e em muito mais. Espero ansiosamente pelo dia em que o Twitter e o Facebook se transformem em chips acoplados nos cerebelos das novas gerações. Estou-me nas tintas para as bombas na Casa Branca (foda-se, não me digam que o Obama não fechou Guantanamo!), só me interesso pelo fim do Twitter e do Facebook, já agora ficam a saber. Entretanto, há boas notícias.

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publicado às 00:23


E ao terceiro dia

por Frederico V Gama, em 23.04.13

O Bruno VA está fora de jogo, vigiado pelos médicos, internado num hospital – mas deve sair amanhã rumo ao lar, porque é um homem bom, resistente e fortalhaço (não acreditem). Seguimos-te a paripassu, ó BVA! Mas despacha isso porque estamos a precisar de um novo post, dos teus.

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publicado às 15:55





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