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Do que tu precisas é de dois swaps

por Frederico V Gama, em 03.05.13

O primeiro ministro vai hoje à noite anunciar cortes de seis mil milhões. É escusado. O governo deve demitir-se imediatamente, apresentar a conta de exploração corrente e deixar a Portela com destino à Nova Zelândia. Concomitantemente, o país deve eleger por televoto um governo que lhe agrade, que diminua rapidamente o desemprego, ponha tudo isto a crescer (ninguém percebeu ainda que o problema é do crescimento, e que Gaspar e Santos Pereira são baixotes), desça a idade para o consumo de drogas leves, aumente os salários, baixe os impostos, traduza o blog de Paul Krugman, construa a terceira auto-estrada entre Lisboa e o Porto e abra concursos para a função pública. A receita dos SMS de valor acrescentado do televoto eleitoral pode ser aplicada na criação de ciclovias. Mas o importante é que o governo se demita. As ideias de António José Seguro para a criação de emprego, emprego, emprego (repetir três vezes, que eu bem vi), para o crescimento e para a prosperidade são bem conhecidas de todos, e formaremos um governo com jornalistas de esquerda, Ana Drago, pessoas amigas de Paulo Campos, pessoas que vêem Jorge Coelho na televisão e a contribuição do bispo Januário. Mas, antes de tudo, Nova Zelândia com eles. Entregues aos maoris. Nós cá nos arranjaremos. Temos o Galamba, o Arménio Carlos e o Vasco Lourenço. Vai correr tudo bem.

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publicado às 00:04


Matemáticas gerais

por Frederico V Gama, em 19.04.13

Pessoalmente, acho que os programas escolares não deviam ser mexidos durante vinte anos, a não ser que descubram um novo planeta entre a Terra e Marte, mas a alteração do currículo de Matemática no 1º ciclo deixa-me perplexo. Escreve o Público que “a notícia” (Anúncio de novo programa de Matemática no 1º ciclo) “foi recebida com enorme surpresa por estas professoras [Associação Nacional de Professores de Matemática] e também, presume-se, pelo resto da comunidade educativa”. Eu cito outra vez: "e também, presume-se, pelo resto da comunidade educativa." O Público, esse jornal maravilhoso e de causas, presume que houve escândalo — não conferiu, mas presume, o que é suficiente. ("–Idalina, estou aqui a fazer a primeira página, sabes quantas pessoas morreram em Boston?" "–Aí umas três, presumo." "Tens a certeza ou presumes?" "Presumo, Alcipe." "É quanto basta. Três, é isso? E quanto ao programa de matemática, como estão a ser as reacções?" "Presumo que ande toda a gente fodida nas capitais de distrito." "É assim mesmo.") Para melhorar a coisa, a jornalista transcreve a afirmação (de uma das senhoras da ANPM) de que se trata de "um ministro que não é sequer matemático e sim economista". O Público, esse jornal maravilhoso e deontológico, sabia que Nuno Crato fez o mestrado em Métodos Matemáticos e um doutoramento (nos EUA) em Matemática Aplicada, é professor catedrático de Matemática e Estatística e foi presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática. Sabia, mas não esteve para se maçar. ("Ó Idalina! Mas o Crato não é matemático?" "É, Alcipe. Mas as professoras dizem que não.") Que as senhoras professoras temam um programa em que os meninos tenham de saber a tabuada, isso já pia mais fino, porque é uma violência inusitada cometida sobre aqueles pobres seres que sabem manejar seis modelos diferentes de telemóvel mas não conseguem fazer uma soma de três parcelas. É o que eles fazem no 1.º ciclo. Eu sou contra as mudanças nos programas escolares durante cerca de trinta anos (acabo de prolongar um pouco a moratória), mas se for para impedir que se ensinem "matemáticas alternativas" com calculadora acoplada e, nessas idades, se insista nas "aprendizagens baseadas na mecanização de procedimentos e rotinas" em matemática, estou disposto a ponderar. 

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publicado às 15:37


Sobre isto não falou o Obama

por Rui Passos Rocha, em 19.04.13
Toda a gente fala de Boston, mas há dias Lisboa foi palco de uma tragédia bem mais grave. Estou aqui para soar o alarme. O espaço Carpe Diem, sempre atento às várias formas de gozar a vida, realizou um "workshop de suicídio". Não "sobre", "de". Em sessões individuais ou duplas, de 20 minutos, foi explicado aos interessados que o suicídio "é uma morte natural" e uma "forma de libertação", que "distingue" o Homem dos outros animais. Ainda assim, os participantes foram "ajudados" a "cuidar-se", seguindo-se a tese do Werther Effect - de que um suicídio aparatoso pode causar uma onde de suicídios. Afinal, a organização não estava interessada em comprovar a teoria a meio do workshop, até porque seria trabalhoso lavar a sujeira. Foi precisamente para evitar isso que tentou o nó cerebral, relativizando o suicídio e ao mesmo tempo fazendo por preveni-lo. Daí este ter sido um workshop "de" suicídio: um workshop para confundir e fazer remoer. Talvez por isso o pagamento dos 5€ do workshop tivesse de acontecer, obrigatoriamente, "no próprio dia". Não fosse o suicídio tecê-las.

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publicado às 11:30





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