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Uma coisa é certa

por Rui Passos Rocha, em 10.08.13

"Não deu para perceber se eram de esquerda, direita ou anarquistas". Uma coisa é certa, acrescenta: "Eram açorianos".

 

Aqui está algo que me aquece o coração. Mais quentinho do que isto só imaginando a expressão facial de Christopher Hitchens quando lhe ocorreu dar o título The Missionary Position à sua biografia da Madre Teresa. É impagável; é por merdas destas que dizem que o dinheiro não é tudo. No caso em apreço, ou neste caso sem preço, dois tipos a rondar a minha idade, e provavelmente também a minha idade mental, executaram a seguinte manobra de alto risco: furaram bravamente as linhas estratégicas das Forças Armadas portuguesas e deslocaram-se ao centro nevrálgico do regime, a Rádio Horizonte de Bobadela, de onde reivindicaram a independência dos Açores. O plano foi tão bem gizado que o locutor - ainda atordoado porque, coitado, nunca lhe ocorrera que a próxima guerra civil em Portugal começaria na sua pachorrenta Bobadela - conseguiu abafar a sua leitura do comunicado dos revolucionários mantendo a música no ar. Os ditos revolucionários, por sua vez - e note-se que são revolucionários modernos, sem ideologia nem credo, apenas com a sua identidade vincada, mesmo que não o queiram, bastando-lhes abrir a independente boca -, controlaram de tal modo o acto revolucionário que não deram conta sequer de que o locutor não estava bem posicionado junto ao microfone para que o povo apático e desejoso de uma revolução de inspiração açoriana o entendesse. "Foi uma cacofonia e ninguém entendeu", disse entretanto o director da rádio. Tenho só pena que a leitura não tenha sido feita pelos revolucionários, pois certamente a esta hora já circularia por onde tudo o que é sério e importante circula: o YouTube. Tenho aqui um pacote de pipocas que agradeceria.

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publicado às 12:09






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