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Descansemos o leitor mais ansioso, pois falamos de um filme em que o personagem principal é Juliette Binoche: ela, como habitualmente, foi maravilhosa. Houve um certo excesso em mostrar-lhe, principalmente num quadro de fraca necessidade, as partes íntimas, por estar a «Mademoiselle Claudel toute sale», razão suficiente para um conjunto de dedicadas freiras a lavarem. Houve outro tanto excesso na caracterização das doentes que acompanhavam Camille Claudel na vida do asilo. Todas gemiam de forma mais ou menos homogénea, todas cumpriam respeitosamente o estereótipo do «atrasado mental», todas eram profundamente feias. Mas isso, porque somos magnânimos, desculpa-se facilmente. O que perturba é forma como se nos apresenta, ao lado de um bom trabalho no tratamento do rosto e da expressão, um trabalho miserável nos diálogos e uma performance extraordinariamente má de todos os actores que por acidente não são Juliette Binoche. Paul Claudel, em particular, e porque acaba tendo mais oportunidade para isso, provoca em nós um desconforto permanente, que apenas é interrompido por uma parte decididamente inspirada em que confessa a um padre que o seu salto de fé e o seu encontro com Deus se deram com a leitura dos poemas de Rimbaud. (Felizmente, houve risadinhas entre as 5 pessoas que partilhavam a experiência comigo no Monumental.) O que sobra de tudo aquilo é um estranho sentimento de pena por um filme que poderia ter sido extraordinário, mas que não superou o medíocre.